sexta-feira, 30 de maio de 2014

ALDEIA DO MATO: ÓBITO EM ESTAÇÃO DE BELMONTE, 1899

ÓBITO EM ESTAÇÃO DE BELMONTE, 1899


 
Como complemento ou anexo ao capítulo dedicado aos óbitos, no tema Aldeia do Mato Registos Paroquiais 1860 a 1911, fica o assento do registo de óbito de Alexandrina Mendes Victória, que faleceu aos 20 anos, bem longe da Aldeia do Mato, sua terra natal.
O registo original ocupa um final e um fim de página, pelo que foi feita e reproduzida a montagem das duas peças, ficando o texto completo, como se apresenta.
 
 
 
M P Maça 


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quinta-feira, 29 de maio de 2014

CARREIRA DO MATO ANA PAULINA FALECEU AOS 115 ANOS

EM 1901 ANA PAULINA FALECEU COM
115 ANOS EM CARREIRA DO MATO
 
Em complemento do capítulo anterior sobre os Registos Paroquiais da Aldeia do Mato, de 1860 a 1911, inclusive, fica assento de óbito de Ana Paulina, falecida em 11 de Abril de 1901.
De fato, o Padre Manuel Lopes Alpalhão escreveu claramente, e por extenso "cento e quinze anos". Fica cópia do registo:
 

M P Maça


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domingo, 18 de maio de 2014

ALDEIA DO MATO ABRANTES - REGISTOS PAROQUIAIS 1860-1911 - 5

Portão do cemitério de Aldeia do Mato. Tem a data de 1913.
 



ALDEIA DO MATO 1860 A 1911
 
(UM ESTUDO DOS REGISTOS PAROQUIAIS) – parte 5
 (Continuação)
 MORTALIDADE
Nos capítulos anteriores vimos as pessoas nascer, crescer e casar – vertentes biológicas e sociológicas da vida, cujo epílogo natural é a morte. Vamos, pois, falar das mortes registadas neste período de 52 anos.
A Medicina estava pouco desenvolvida, as vacinas eram insuficientes, inexistentes ou indisponíveis. Os médicos eram poucos e sem recursos, exercendo às vezes as funções de uma forma itinerante, num contexto que deixava lugar a curandeiros, barbeiros, sangradores, benzedeiras, mulheres de virtude, endireitas, algebristas, etc. Pode dizer-se, com toda a propriedade, que se morria em todas as idades. A impossibilidade da prevenção e da cura decorria de limitações agravadas por hábitos higiénicos e alimentares deficientes, a par de habitações sem condições, que começavam por vitimar os mais frágeis e fragilizados, sobretudo as crianças. Paralelamente é de supor que seria reduzido o número de mortes em acidentes de trabalho e de viação, já que estávamos num meio puramente rural, e a industrialização nem chegaria a vir.
Nestes 52 anos encontramos registados 744 óbitos, o que dá uma média anual de 14,3.
5.1. Óbitos por Grupos Etários       
Podemos agrupar os óbitos segundo idades, e obteremos o seguinte escalonamento, em que incluímos totais-parciais:
A tabela criada parece ser intuitiva e permite ver, em quantidade e percentagem, os óbitos por cada grupo de idades. A opção por cores (uma para cada grupo criado) facilitará a interpretação.
Grupo Etário
Quantidade
Total Grupo
Acumulado
Recém-Nascido
29
 
 
Menos de 1 mês
20
 
 
1 mês a 1 ano
88
 
 
Subtotal
-
137
18,41%
1 a 2 anos
35
 
 
2 a 3 anos
20
 
 
3 a 4 anos
13
 
 
4 a 5 anos
9
 
 
5 a 6 anos
3
 
 
6 a 7 anos
3
 
 
7 a 8 anos
1
 
 
8 a 9 anos
4
 
 
9 a 10 anos
4
 
 
Subtotal
-
92
12,36%
10 a 20 anos
19
 
 
Subtotal
-
19
2,55%
20 a 30 anos
38
 
 
30 a 40 anos
46
 
 
40 a 50 anos
40
 
 
50 a 60 anos
47
 
 
60 a 70 anos
63
 
 
70 a 80 anos
106
 
 
Subtotal
-
340
45,69%
80 a 90 anos
107
 
 
90 a 100 anos
30
 
 
Subtotal
 -
137
18,41%
Mais de 100 anos
4
 
 
Subtotal
-
4
0,53%
Sem indicação
15
 
 
Subtotal
-
15
2,01%
Total Geral
744
744
100%
 373 eram do sexo masculino, e 371 do sexo feminino. Curiosa aproximação!
 
5.2. Distribuição por Meses
Embora não com muita evidência, fica a ideia de que os óbitos ocorreriam mais nos meses de frio, concretamente de Outubro a Abril.
5.3. Lugares de Óbito
Lugar
Quantidade
Aldeia do Mato
87
Arroteia
2
Bairros
24
Bairro da Estrada
1
Belmonte, Guarda (1)
1
Cabeça Gorda
245
Carreira do Mato
212
Casais
64
Colleias (?), Mouriscas
1
Fontainhas
2
Medroa
99
Vale de Chões
4
Vale Redondo
1
Vales
1
Total
744
 
Fica um gráfico que ilustra a distribuição por lugares.
 
 
 
5.4. Análise Breve

a) 18,41% morreram antes de 1 ano de idade: 137 óbitos. Foi esta a taxa de mortalidade infantil (3) 
b) 30,77% morreram até aos10 anos de idade: 229 óbitos.
c) A mortalidade diminui entre os 10 e os 20 anos.
d) A mortalidade sobe a partir dos 20 anos. Muitas mulheres morriam por ocasião do parto, e isso confirma-se na análise dos registos.
e) Excluindo a mortalidade infantil, o record de óbitos ocorre na faixa etária dos 80 aos 90 anos (107 casos = 14,38%).
f) O limite de idade atinge os 115 anos com Ana Paulina, falecida na Carreira do Mato, em 11.04.1901.
g) A esperança média de vida, à nascença, era de 41,95 anos.
5.5. Notas Subsidiárias
Expostos: 44 óbitos correspondem a expostos (30 do sexo masculino e 14 do sexo feminino). Em regra, o local de acolhimento foi a Cabeça Gorda.
Estudos disponíveis mostram que muitos expostos morriam antes da idade adulta.
Testamentos: Encontramos 29 registos de pessoas que, à data da morte, tinham testamento.
Registe-se que, muitas vezes, a decisão de testamentar tinha a ver com a preparação para uma boa morte. Como escreveu J. M. Geirinhas Rocha (2), " a doutrina cristã recomenda que os crentes devem estar sempre preparados para a eventualidade da morte que pode surgir a qualquer momento...".
Gémeos: Apercebemo-nos do óbito de 6 gémeos. Foram incluídos no grupo dos recém-nascidos.
Dementes: Há dois registos de óbito com esta indicação;
Mendigos: Idem;
Mendicantes: Idem; 
Pedinte: Há um registo com esta indicação. Refere-se a Maria Rosa, solteira, falecida na Cabeça Gorda em 31.10.1910, com 72 anos. Fez testamento a Paula Maria, casada com Sebastião dos Santos, da Cabeça Gorda (sabemos que estes eram expostos).
Importa referir que a mendicidade era legalmente permitida, como forma de reduzir a afluência às instituições de Caridade (Albergarias, Hospitais, Mercearias, etc.). Dar esmola também se enquadrava no espírito da religião católica. Muitas crianças começavam a pedir desde tenra idade e tornavam-se pedintes profissionais, o que começaria a ser reprimido por volta de 1930, num processo que em 1940 levaria à criação dos Albergues de Mendicidade Distritais (4).
Saldo Fisiológico: Se neste período nasceram 1214 pessoas e faleceram 744, teremos um saldo fisiológico de 470. Ocorreram 333 casamentos e poderemos arriscar como provável para a freguesia de Aldeia do Mato, no limite, 1.200 moradores, no início do século XX. Portugal teria, então, 4,5 a 5 milhões de habitantes.
 (1) Este curioso registo refere-se a Alexandrina Mendes Victória, de 20 anos, falecida em estação de Belmonte, Guarda, em 19.03.1899.
(continua)
(2) Atitudes Perante a Morte e Níveis de Religiosidade em Abrantes no Séc. XIX, Câmara Municipal de Abrantes, 1988.
(3) A taxa de mortalidade infantil em Portugal, em 2013, foi de 2,9‰ (2,9 por mil, INE).
(4) Decreto-lei n.º 30.389, de 20 de Abril de 1940. Diário do Governo 92, I Série, da mesma data.       
Manuel Paula Maça
 


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